I.
pressionar o
dedo contra
o vidro gelado
até que ele ceda
(do outro lado
a outra imagem
outra tanto que
veste a pele dos
cavalos)
II.
o quarta estava
a cheirar
a roxo e
deixávamos
a pouca luz
entrar
por entre os
dentes
:agora que até
os demônios
estão mortos
teremos medo
do que?
III.
o vidro cessou a
quebrar
intacto se
equilibra sobre
a cabeça
rodando não
anuncia
seu próximo
disparo
(este será
fatal)
V.
o privilégio que
tem
os robôs de
esquecer
:nós com a
cabeça
cheia de copos
nós com a
eminência
da queda
do caco no olho
esquerdo
nós com a
insuportável
certeza
de que a memória
é um revólver
na cômoda
com a mira de
um Deus
sem piedade
VI.
o dedo
pressionado contra
o espelho gelado
vidro a palavra
que corta a boca
por trás
decepciona a
quantidade
de sangue humano
a quantidade de
nervos
sob a pele
e tua boca não é
capaz de
resolver este
problema
químico:
a areia que nos
olhos
em breve
se tornara o
corte
nada segura o
punho
contra as
janelas
da cozinha
contra a mesa de
jantar nada
segura a mira
do revólver
carregado
da bala entre
os dentes de
porcelana
da inevitável
vidraça
que é o teu
corpo
o teu sexo
de cristal
barato
o dedo
pressionado contra
o espelho
gelo, vidro,
tudo
é o teu reflexo
Nenhum comentário:
Postar um comentário