VI.
nós
nunca veremos uma Supernova
recebi
de um antigo amigo
fotografias
da Terra
nós nunca veremos uma Supernova
temos saudades
eu
que viajo
nas
costas deste Camelo
num
deserto de Plutão
me
esqueço
e
finalmente me esqueço
que
um dia quis tanto ver
uma
Supernova
gostaria
de não ter mais saudades
e
de esquecer que posso me esquecer
esquecer
tanto
que
faria de qualquer corcova
minha
casa
esquecer
tanto
pra
chamar de cama qualquer pedra
esquecer
tanto que não olharia
mais
nenhuma de suas fotografias
sem
me lembrar
que
aquela foi a única vez
em
que vi
uma
Supernova
VII.
hoje
talvez seja quarta-feira
ontem
eu não sabia
o
quão longe se vai com um poema
antes
de ontem
eu
me perguntava
como
as estrelas vivem
sozinhas
amanhã
reservei
um
quarto
numa
pousada em Andrômeda
e
prepararei ovos
para
o café da manhã
da
minha varanda
eu
hei de ver um ponto
longe
a
Terra
lhe
escrevo então para dizer
que
viajei bastante
e
que aprendi finalmente
como
se afoga um dinossauro
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