domingo, 20 de novembro de 2016

como afogar dinossauros ou diário de uma viagem a Andrômeda



     VI.


nós nunca veremos uma Supernova
recebi de um antigo amigo
fotografias da Terra
nós nunca veremos uma Supernova
temos saudades
eu que viajo
nas costas deste Camelo
num deserto de Plutão
me esqueço
e finalmente me esqueço
que um dia quis tanto ver
uma Supernova
gostaria de não ter mais saudades
e de esquecer que posso me esquecer
esquecer tanto
que faria de qualquer corcova
minha casa
esquecer tanto
pra chamar de cama qualquer pedra
esquecer tanto que não olharia
mais nenhuma de suas fotografias
sem me lembrar
que aquela foi a única vez
em que vi
uma Supernova





VII.



hoje talvez seja quarta-feira
ontem eu não sabia
o quão longe se vai com um poema
antes de ontem
eu me perguntava
como as estrelas vivem
sozinhas
amanhã reservei
um quarto
numa pousada em Andrômeda
e prepararei ovos
para o café da manhã
da minha varanda
eu hei de ver um ponto
longe
a Terra
lhe escrevo então para dizer
que viajei bastante
e que aprendi finalmente
como se afoga um dinossauro 

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