sexta-feira, 7 de setembro de 2018

poema piloto aos 22


estou há alguns dias esperando o fim dessa lua minguante
para dizer que
para pensar que
escrever que
esvaziei o apartamento das tuas coisas
o liquidificador é uma miragem
o verbo uma tristeza
te desenhar no espelho
medindo o reflexo como sombra
como sombra, penumbra
a lua vai cair do céu
em determinado momento
e o meu compromisso é em te dizer
te pensar e te escrever
não quero levar nada teu
a não ser uma emulação dos ombros
a não-obrigação do círculo
o ponto solto do
trator sobre a moeda sobre
o acidente da palavra no cartel
quero o fim da década
corre, o fim da década
e dos escritos inscritos da falta
atropelar cidades com cometeoros
metrópoles a formigar mutante
selva das girafas neon
eu quero nadar no óleo que
as bandeiras soltam quando giram
e giram e giram
e não fazer nenhum sentido
agora não
contra a tua educação
piloto aos 22
mantenho a hipocondria
que é meu gesto mais fiel de poesia
a lua permanece minguante
mas que se foda
desculpe
que se foda
eu não quero mais pensar que
dizer que escrevi que
pensando em você

eu esvaziei o apartamento de todas as tuas coisas
então                                     embora

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