a primeira pista
foram as pupilas
depois o jeito
dos quadris
olhava
insaciável
para todos os
cômodos
nos móveis
entediados
a matéria da
caça
entre os dedos
as garras
e a vontade de
morar
nos destroços da
casa
corria com
despeito
nas quatro patas
quando alguém
chegava
novo, velho
o cuidado era o
rosto
constante do
gato
estava sempre
a prever o
próximo segundo
contando de trás
pra frente
o tempo
e sendo gato
corria
mais rápido que
a palavra
ficava ali então
bicho sem nome
pulando a
geladeira
o fogão sem
bocas
bicho sem casa
e tentava ser
mais rápido
contornar a
noite
e os restos de
metal
deixadas na sala
sabia que era um
bicho
do impulso
sabia da boca
aberta
contra as baratas
mas queria ser
outro
um bicho sem
nome
então
qual é o seu
destino?
a última pista
o nome correndo
atrás do bicho
pela casa
ninguém a saber
quem vai por
onde
é isso então
que faz o rosto
nas fotografias
tão contentes
isso de não encontrar
nunca
teu próprio
retrato
Nenhum comentário:
Postar um comentário