segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Martha, ou um poema sobre robôs

Martha why do we hurt ourselves
eu me pergunto
do sol em capricórnio
dessa long long way
até os astros se cansarem
e disserem
que no ano que vem
oh the next year
will be our beggining
Martha we’ll fall in love
and such
e enquanto isso
she doesn’t answer me
she can’t see me
Martha seu novo penteado
é um escândalo
and you’ve smoked more
than ten cigarettes
como meu fígado
que tem se contraído
como se vivesse numa bacia
cheia de vinagre
e o vinagre.
minha amiga minha
mulher
você que lê sempre
as estrelas me diz
Martha why do we keep
hurting ourselves
why do we
why escolher daquele tom
de cachecol
e aquelas luvas
Martha aqui no Brasil
não tem inverno e
não há necessidade
there’s no need
you’re a capricorn
Martha
I’m a cancer
quem somos nós
e porque insistimos
em nos machucar?
 e em mecanizar essa fé
fé em androides
blessed be our technology
he can’t see me
still can’t see me
mas a insistência
e a fé e a certeza de que
as máquinas voam porque
um homem nos disse
no século passado
que deus talvez
seja um avião
e que acreditar em deus
é uma ordem
and we do not disobey
Martha
minha amiga minha
memória
fraca insiste em
desobedecer
e ontem eu carreguei
aquele nosso retrato
pra fora de casa
enterrei na neve e disse
é o fim
but why do we lie
porque mesmo que
você não me veja
que ele não me veja
I insist Martha
aqui não tem inverno
e quando a neve derreter
e a maldita da memória
e na minha TV
vierem os anúncios do amor
que veio das máquinas
porque naquele século anterior
ao avião um homem disse
love is the latest fashion
e assim deus talvez
seja um último amor
ou um anúncio na TV
Martha
não desobedeça
continuaremos a nos machucar
estamos aqui a procurar
nessa cidade coisas
que nunca existiram
but we saw it on the television
Martha minha amiga
minha cabeça
pergunta o tempo todo
por que nos machucamos?


Nenhum comentário:

Postar um comentário