correr as mãos sobre
os objetos de vida
medalhas de nossa
senhora prendedores
de cabelo um papel
amassado era
teu primeiro amor
o dragão de plástico
a cabeceira da cama
uma ou outra
camisinha
o anelar com o
indicador e o santuário
da infância
o polegar quem sabe
contra a cabeça
espalha as palavras
como que na cama
espalhava tuas
figurinhas de papel
em um desamor das
coleções mais próximas
em um desamor de tudo
desfizeram-se as caixas
olha no espelho não
sabe quem era
o primeiro amor, o primeiro
amor repete, o primeiro
a varanda vazia
era quarta-feira
queimava o xerox na bancada
uma ou outra canção
no rádio lúcida
contra a chave restam
dois dedos
contra o peito
um funeral
teus mangás e
aquela blusa aquela
do capuz vermelho
não cabe usar agora
é deselegante
ficou cego o poema
contra a ponta
da unha só
o desamor de antes
pra onde ir agora
tão tarde a rua
as mãos tão sujas
e gigantes
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