minhas costas estão pesando de flores
uma jangada de dias
a madeira é o prego solto
que te feriu a mão
por pouco
o sangue era mínimo
mas e o choro quem ouviu?
uma ferrugem não
se finge de flor
mas o olho pode
uma jangada não se
finge de corpo
mas a palavra pode
e eu comprimido embaixo
de um jardim suspenso em água
escorrem as bromélias
as samambaias
poder ser não é privilégio
é ossada e cadáver vegetal
poder ser é jangada rio abaixo
poder ser é aquilo que
você grava no prego
nunca a madeira
nunca as plantas
nunca meus pés no rio
minhas costas estão pesando
e é tão estranho porque
eu não carrego nada
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