domingo, 22 de outubro de 2017

verde lavanda


ao alcance da mão
as máquinas
envelhecidas
o cheiro
de um poderia
ter sido
mais doce
enche os pulmões
:óculos verdes
de grau
o céu hoje vai cair
por terra


mas não é verdade
a teia a aranha
o filtrar do óleo
pedras preciosas
você me pergunta
com olhos inchados
o que é verdade?
a cor do sangue
dos mosquitos
a engrenagem mola
nos cabelos dela
pode ser verdade o bote?
se sim, pode-se
viver sem antídoto?


é cada dia ainda
um precipício
a mais
e a vontade de
que cair possa ser
inconsequente


a palavra que murchou
a boca dela
:secou todo o tempo
que nem ameixa
nessa luz
de setembro
toda fruta escorre
pelo peito
pela barriga
pelo pé
destino é essa cor
de fome ainda


de fome ainda
morreram as plantas
-carnívoras
de fome ainda
a gentileza
dos maquinistas
dos trens
:nenhuma verdade
emana
dos trilhos
da velocidade
do metal
somente a cifra
de um desejo incontrolável



ela é a alquimista que corria
sempre a tempo
de uma virada
um pouco mais brusca
de torcer a língua
as coisas não
fazem mais sentido
como antes
porque as coisas
não existem
como antes
ainda bem diz
a alquimista que corre
transformando coelhos
em pequenas
aves de rapina
 - me diz que é essa
a sensação clínica
de um sorriso


intervenção da palavra
perfume
sobre as ostras
esquecidas na mesa
:de alguma maneira
busca-se conforto
também sobre as pernas
abertas encharcando
os lençóis
/uma refeição
completa/


a língua escorrega
é limo toda
fração de corpo
todos os
cálculos sobre a impossibilidade do tempo
++++++
++
++
+
os pés as orelhas pupilas
em divisão
a língua
em constante
perda




 de volta aos animais
aos espantalhos
corações de máquina
óleo
decantado no aquário
- quando você olha
hoje não vê
nada mais do que
a sombra de uma antiga
vontade, e é
essa mesma a palavra
 que cobriu
de pedras o fundo
das piscinas
as plantas
-carnívoras
a cheirar
o fim da seca
- ainda a fome
-ainda as máquinas
controlam a chuva
sobre as lâminas
de nossas
bocas
mas a hora vai cobrir
de musgo
as paisagens
de um destino morno

ainda a fome
e por isso mesmo
a lógica da presa

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