a procura de um
rosto
oco no concreto
é muito pouco
(uma andorinha
flexível
rodas de bronze
e alumínio
atravessam
o peito dele
morto
no concreto)
nada palpita
entre
as vértebras
pulmonares frágeis
de um porco
espinho-poema
além de uma
fraca
luz de neon
velas
futurísticas
carros voadores
e o rosto dele
ecoando
ecoando vozes
sobre a pele de
papel
(poema vaso sem
fundo
poema equilíbrio
do
azul no nada
o pé da
moça-sereia
na água
corre, corre
pisa
em facas
acha príncipe casa
morre e sabe
então espuma
agora sonha de
volta
com a casa: mar)
nós estamos cada
dia
mais próximos
mas
não estamos mais
interessados
em voltar
anunciação da
volta: parede
limítrofe pés
que soletram a
palavra
i n t e n ç ã o
e ele nasce de
uma
concha
nas costas de um
tritão ele
retira
da garganta –
espada azul poema
e a rainha do mar
e as mulheres do
mar
abrem os braços
(mas não volta
ele não
sabe mais nadar)
seu rosto
esculpido
no mármore
dos aquários vai
vai tentar de
novo
cravar os dentes
sobre
a lua vai
vai vestir o sol
também e botar
os pés
na areia
turva: poema
tubarão
deslocado mas vivo
a plenos pulmões
um tratado
sobre a solidão
tudo é água
os beijos dele o
jeito
que ele toca
o próprio corpo
a deriva
tudo é água até
mesmo a sede
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