As tardes de sábado
caíam como uma luva
Ou um meteoro, lembrou
de assistir na tv
Desenhos em que as
mensagens
Só se descobre na vida
quase adulta
Quando nada acontece e
você vira o relógio
E quando descobre o
Diabo e as correntes
“que não te prendem,
não te esmagam”
Dizia teu conselho
Quando acha que a liberdade
é só minha
Para conquistar nesse
sábado morno
Em que o único
acontecimento foi
Olhar aqueles homens
tristes no tinder
Mirando a tristeza de quem reflete
Como se caminhássemos
nus mas ainda
Tivéssemos receio e colocássemos
as mãos
Sobre o pinto
Ah como se ninguém
visse pinto!
Ou pensasse em pinto
Ou fantasiasse o pinto
do ator na tv
Como se ninguém
soubesse que a liberdade individual
É algo inato e
perigosamente explosivo
Como o abraço que
neguei no passado
Na juventude rebelde, a
contragosto
Como o desejo que
aquietei e sorri
A contragosto na festa
de família
Ah como é cafona tudo e
como é cafona,
Na juventude, dizer que
nada presta
E que não se gosta de
gente
E que a tecnologia é o
mal do século
Ah como é tão sexy
fingir não amar
E ter o coração como um
órgão apenas
E transar sem tesão só
pra gozar
E depois de gozar
guardar o pinto
Com vergonha na calça
Rezar a missa diária,
os pés invertidos
Eu ouço teus conselhos
como bombas
Eu protejo meu peito
como aquário
Eu olho lá fora e como
me arrependo
De não ter sido tão
patético
Como aqueles homens
Com os pintos tão
tortos ao vento
Realmente uma imagem
patética
Um pinto torto
Saudando o vento
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