terça-feira, 16 de maio de 2017

poema da espera definitiva


coisas da minha cabeça I.

que ele está em um bar
que ele está em um bar com um outro
que ele está em um bar com um outro
que fode melhor
que ele está em um bar com outro
que tem piadas melhores
que ele está em um bar com outro
que não se importa tanto
que ele está num bar e diz traz
mais uma gelada
enquanto eu com dor de garganta
pego própolis e mel
que ele descubra que eu falo dele
há um ou dois poemas
que não exista nenhum outro no mundo
dele, nem mesmo eu
e que tudo isso seja coisa da minha cabeça
ou pior talvez que não seja



motivos reais II.

a realidade pode ser desagradável
porque a realidade
se dá no susto
no dia em que minha psicóloga
me disse
surpreenda-se
 eu dei de cara com uma
mariposa
voando no meu rosto
eram oito da noite
e eu gritei



  a arte de não criar expectativas III.

existe uma linha tênue
entre um dramalhão maluco
um sol em câncer
regendo um mapa desequilibrado
aquático
e
alguém que aprendeu
que a realidade
não é uma opção
para retomar o poema anterior:
os dias são
compostos de duzentas mariposas
por porta aberta
até que enfim se entra numa sala
livre de insetos voadores
mas cheia de cupins nas mesas



 uma possível solução IV.

que ele esteja num bar
com alguém que fode muito bem
que ele esteja num bar
com alguém que conte ótimas piadas
que ele esteja num bar
com alguém que saiba se importar
como ele quer

Nenhum comentário:

Postar um comentário