isto é como ver
nascer um poema
do dorso de uma
girafa
é dessas coisas
mais simples
de abrir uma
janela às quatro da manhã
de dormir quando
se tem sono
isto é uma
daquelas memórias
em forma de
baleia
(já não me
lembro bem desde quando
as memórias
tomaram essa forma
peculiar)
e tudo começa
com a tua mão
percorrendo uma
linha fina
de formigas nas
minhas costas
eu te adoro
mas
a minha cabeça está perdida
entre
lhe dizer isso
ou
esquecer
como
sempre esqueço
como
me ensinei
eu
tento lhe fazer um poema
é
quarta feira de manhã
eu
tento lhe dizer a verdade:
esta
que
eu tenho dedicado
um
braço inteiramente
para
não esquecê-lo
eu
dedico o lado
esquerdo
do meu rosto
orelhas
olhos
uma
narina
metade
da boca
para
me perguntar
onde
estaríamos se
o
destino tivesse algum senso
de
pena
eu
te perdoo
como
me perdoei
pela
vida roubada
é
ainda um incômodo
que
todos os dedos
apontem
para você
numa
porta
entre
teu cílio e
tua
mão direita
eu
bato de longe
numa
força só minha
talvez
eu diga
volta
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